Executivos de empresas com pegada digital crescente disseram na noite deste domingo, em painel da Rio Innovation Week, no Rio de Janeiro, que o processo de digitalização de negócios não está centrado na tecnologia, mas “em processos e pessoas”. Mais importante do que adquirir novas tecnologias, é preparar a estrutura e cultura das empresas para a sua implementação, dizem eles.
— Digitalização não é só tecnologia. Seria fácil se fosse, mas passa mais por processos e pessoas — afirmou Rodrigo Miranda, presidente da Zaitt, rede de lojas autônomas de varejo alimentar.
E continuou:
— O CEO sabe fazer uma consulta no SQL [linguagem computacional para bancos de dados], sabe consultar dados para obter as informações que ele quer em tempo real? Se não vier de cima, não no sentido de impor, mas de cascatear a cultura, via de regra não se consegue implementar a digitalização.
Segundo Miranda, a Zaitt chega a 2022 com 10 lojas ativas pelo país e vai inaugurar a 11ª esta semana no Rio de Janeiro. Outras 30 devem ser abertas no curto prazo e o plano é chegar a um número entre 160 e 180 lojas até o fim do ano.
Essa expansão via modelo de franquia, diz ele, só é possível graças ao pilar da digitalização, que permite redução aguda dos custos de operação e, indiretamente, uma redução no preço dos produtos, que ficam abaixo do restante do varejo alimentar.
— Nosso fim é o varejo, mas tecnologia e informação é o pilar que sustenta toda a estratégia da Zaitt — diz o executivo.
Segundo ele, esforços de digitalização podem ter como finalidade a criação de vantagens competitivas objetivas ou o melhoramento mais sutil da estratégia por meio do recolhimento de informações sobre a operação e o cliente.
— Meu viés é metrificar absolutamente tudo, a planilha tem que ser fiel aos objetivos do negócio”, diz Miranda.
O diretor de CX Strategy & Design da empresa do grupo de saúde privada Dasa, Jaakko Tammela, concorda e destaca o papel da digitalização iniciada há seis anos no crescimento do grupo, que conta hoje com 40 mil colaboradores e 20 milhões de pacientes, perto de 10% da população brasileira.
Ele cita que a digitalização deve contemplar as relações com pacientes, profissionais de saúde e fontes pagadoras diretas como os planos de saúde, mas os primeiros devem estar no centro da estratégia.
— A ideia, além de atender melhor as pessoas, é conhecer cada vez mais sobre esse paciente para se comportar de maneira preditiva — diz.
Tammela, para quem a digitalização é um processo sem volta, sobretudo na área da saúde após dois anos de pandemia, afirma que as novas tecnologias voltadas ao usuário de hospitais e laboratórios diagnósticos os empoderam e permitem maior interação com produtos e serviços, além de baixar os custos operacionais para a empresa.
Fonte: O Globo