Para 77%, sustentabilidade deve ter prioridade sobre crescimento ou lucro, diz Febraban/Ipespe

1-10-2021 | Financeiro, Notícias

Uma pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em parceria com o Ipespe mostra que 77% dos brasileiros afirmam que a adoção de boas práticas de sustentabilidade por empresas e governos deve ser prioridade, ainda que sob o risco de diminuir os lucros e o crescimento econômico. Apenas 16% dizem que o resultado econômico é mais importante, mesmo que isso signifique que empresas e governos não possam adotar boas práticas de sustentabilidade.

Segundo a pesquisa, 98% consideram muito importante ou importante que boas práticas sejam adotadas por cidadãos e famílias; e 96% tanto por empresas como por governos. Quase metade (45%) dos entrevistados responderam que, na prática, os brasileiros não mudaram seu comportamento em relação aos cuidados com o meio ambiente nos últimos cinco anos; 35% identificam uma melhora e 17% avaliam que houve piora.

Grande parte dos entrevistados declara adotar boas práticas ambientais e de consumo no cotidiano. Destacam-se o uso mais racional de recursos como água e energia elétrica: 68% utilizam lâmpadas econômicas, 66% adotam medidas para economizar água e 62% para economizar energia elétrica. Além disso, 53% reutilizam materiais, 52% separam lixo reciclável e 49% reduzem o uso de materiais descartáveis.

Para 92%, as ações de responsabilidade social e ambiental têm importância sobre suas opiniões acerca de empresas ou marcas e afetam a maneira como se relacionam com as mesmas. Mais de um terço (35%) declara que já ter deixado de consumir produtos ou serviços de alguma empresa que desrespeitava o meio ambiente ou o bem-estar das pessoas ou dos animais, e 34% já disseram ter deixado de fazê-lo porque a empresa não adotava boas práticas de governança corporativa ou tinha o nome envolvido em alguma denúncia.

Quase oito em cada dez entrevistados (77%) esperam que a legislação seja mais dura com as empresas no que se refere às ações de sustentabilidade. Apenas 13% avaliam que as leis no Brasil atendem a contento à necessidade de regular a atuação das empresas no que concerne aos cuidados com o meio ambiente, responsabilidade social e boas práticas de governança. Para 5%, as leis deveriam ser mais leves.

“Tanto no Brasil quanto no mundo, o conceito de sustentabilidade está cada vez mais presente na vida das pessoas, nas estratégias e ações das empresas privadas e públicas acompanhando as transformações da sociedade que demanda por mais ética, responsabilidade e transparência nas relações pessoais e corporativas”, avalia, em nota, Isaac Sidney, presidente da Febraban.

“Entender como o brasileiro percebe o conceito de ESG ajudará governos e empresas a orientar suas ações, ressaltando-se que a agenda da sustentabilidade transborda as questões ambientais e se estende a aspectos social e ético.”

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Ipespe, destaca, também em nota, que o levantamento ratifica a relevância dessa pauta para a opinião pública nacional. “Este levantamento reforça pesquisas anteriores que mostravam que 74% dos entrevistados tinham muito ou algum interesse pelo tema da preservação do meio ambiente e 78% disseram-se pouco ou nada satisfeitos com os esforços empreendidos no país nesse campo”, diz.

Ainda segundo a pesquisa, 78% dizem ter muito ou algum interesse em questões ambientais. As questões sociais despertam ainda mais interesse, de 81%. Já a governança, quando tratada nesse termo, desperta muito ou algum interesse para 47%. Na área ambiental, o principal item de preocupação é desmatamento (61%). No social, emprego e renda (71%); e, em governança, combate à corrupção em empresas e governos (71%).

É majoritária (51%) a percepção de que os cuidados com o meio ambiente são uma responsabilidade compartilhada. Isoladamente, a atribuição de responsabilidades recai principalmente (44%) sobre o setor público (governos e empresas públicas). Percentuais parecidos consideram que as famílias e cidadãos (24%) e as empresas privadas (21%) são os maiores responsáveis. Apenas 7% citam as ONGs e empresas do terceiro setor. O levantamento, realizado entre os dias 2 e 7 de setembro, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do país.

Fonte: Valor Econômico

Foto: Angela Benito/Unsplash

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