Em sua edição 2020, o estudo “Diversity Matters”, da consultoria McKinsey, comprovou que organizações que possuem equipes executivas com equidade de gênero têm 14% mais chances de superar a performance dos concorrentes.

Aquelas em que os funcionários percebem maior equalização entre as oportunidades para mulheres e homens possuem 93% maior probabilidade de obter um desempenho financeiro superior ao da concorrência.

A razão, como cita o texto da executiva Nelcina Tropardi, está relacionada a uma diversidade nas ideias, o que favorece a criatividade e o desenvolvimento de soluções inovadoras, num contexto de complementaridade.

Tal resultado estatístico leva à conclusão óbvia de que, apesar de lenta, a crescente inclusão de mulheres em cargos de liderança vem incrementando o potencial de desempenho das empresas de diferentes setores, na medida em que favorece a multiplicidade de experiências das equipes e agrega características tipicamente (embora não exclusivamente) femininas, a saber:

Tendência à cooperação

Acostumadas a lidar com uma série de demandas ao mesmo tempo, as gestoras tendem a dividi-las, pedindo auxílio à equipe. Essa abertura favorece uma postura semelhante entre os liderados, que passam a compartilhar problemas e soluções, construindo caminhos diferenciados a partir da colaboração.

Maior flexibilização

Buscando equilibrar vida pessoal e profissional desde cedo, as líderes compreendem a necessidade de flexibilização para resolver as questões do dia a dia. Por isso, têm certa vantagem na hora de enxergar respostas alternativas, modificar, contornar ou romper padrões e processos rígidos. Afinal, o mais importante é impulsionar o resultado através da excelência.

Sensibilidade e empatia

A mulher consegue gerar vínculos afetivos que crescem à medida que o liderado sente que a sua vida tem relevância para a líder. Sua maior sensibilidade confere a capacidade de perceber as dores e necessidades alheias, colocando-se no lugar do outro e pensando oportunidades de atendê-las.

O olhar mais humanitário produz conforto e segurança para o funcionário, enaltecendo o sentimento de ele que terá apoio em questões profissionais e pessoais, e isso pode ter resultados imensuráveis no desenvolvimento e na performance das pessoas, em qualquer área de atuação.

Cuidado com os detalhes

Elas tendem a ser mais cuidadosas com os detalhes, mais perfeccionistas, cuidadosas e dedicadas, características que refletem não apenas em suas carreiras profissionais, mas que se tornam um diferencial desde a preparação técnica. 

Administração de conflitos

Partindo da escuta ativa e da comunicação não-violenta, as gestoras têm alta capacidade de administrar conflitos, ponderando os possíveis danos e conduzindo situações delicadas com destreza, valendo-se da confiança conquistada e dos relacionamentos de qualidade construídos com o time. Também é comum que tenham mais desenvoltura ao negociar com fornecedores, parceiros, investidores e clientes, o que confere uma vantagem competitiva relevante.

Poderíamos enumerar aqui outros atributos das profissionais femininas – até em reconhecimento pelo Dia Internacional da Mulher que se aproxima -, mas apenas algumas das suas principais características deveriam ser suficientes para convencer mais e mais empresas a estimular a liderança feminina em seus quadros! Dar oportunidade a líderes mulheres é inclusive uma das premissas do ESG (sigla em inglês para os princípios ambiental, social e de governança).

As empresas têm buscado criar agendas efetivas de diversidade, equidade e inclusão, tanto no quadro geral quanto na liderança, e isso é muito positivo. Precisamos cada vez mais enxergar essa postura como um investimento que valoriza os negócios, que agrega real valor de mercado às empresas, e não apenas como uma obrigação burocrática ou social e politicamente correta. 

A meta de todas as empresas deveria ser aumentar a contratação não só de mulheres, mas de todas as diversidades em posições de liderança, em um compromisso pelos próximos anos. Nas últimas décadas criamos a coragem de quebrar muitos paradigmas que nos impuseram e precisamos de ações imediatas para garantir um futuro de equidade, priorizando mais oportunidades, equiparação de salários, programas de mentoria, entre outras iniciativas.

Aurélio Zorzi é empresário, com experiência de 23 anos na área de Gestão. Graduado em Administração pela Universidade Veiga de Almeida, com MBA em Gestão e Desenvolvimento Empresarial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Certificado Black Belt Lean Six Sigma. Pós-graduando em Gestão Comercial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).